quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Benefícios do Treinamento com Pesos para Aptidão Física de Idosos

Silviane Sebold – ESEF, UFRGS.

Síntese do artigo extraído da ACTA FISIATR 2006; 13(2): 90-95
Autores: Dias RMR, Gurjão ALD, Marucci MFN



Segundo os autores, a população de idosos cresce de uma forma bastante avassaladora. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2025, o Brasil poderá estar entre os países com maior número de pessoas idosas do mundo. Acredita-se que, até 2020, a população de idosos no país aumentará aproximadamente 175%, que corresponde, em números absolutos, a uma população de aproximadamente 28 milhões de pessoas.
Se, o número de idosos e a longevidade estão aumentando, significa que o sistema de vida da terceira idade pode estar tendo diversas mudanças, podendo até ser um indicativo de melhora na qualidade de vida. Por outro lado, o processo de envelhecimento além de estar atrelado à longevidade, também pode estar atrelado ao declínio nas capacidades funcionais e na independência do idoso.
Segundo Hughes et al, apud Dias et al (2006), parte deste declínio pode estar associada a redução das fibras musculares (sarcopenia). De acordo com este estudo, a redução da massa muscular fica em torno de 2% por década e o aumento da massa gorda fica em 7,5%. Para o American College, a sarcopenia é o principal responsável pela redução da capacidade funcional do idoso, pois ocasiona diminuições na força muscular, no equilíbrio, na flexibilidade e na resistência aeróbia, influenciando nas atividades diária dos idosos, tais como caminhar, subir escadas e carregar pequenos objetos.
Algumas intervenções têm demonstrado eficiência na melhoria da aptidão física e independência de idosos, e a prática do treinamento com pesos é uma delas. De acordo com o manual do American College, a prática sistemática de treinamento resistido com idosos, pode promover aumento da força, da massa muscular e da flexibilidade e para termos uma resposta positiva, os treinamentos realizados devem ser específicos e bem elaborados. Treinamentos de alta intensidade e intervalos de média/alta duração poderão trazer um ganho na força e massa muscular e um treinamento com grande volume e curtos períodos de descanso resultam em diminuição da gordura corporal.

A força muscular

A força muscular é um dos principais fatores responsáveis em manter o corpo humano em perfeita harmonia com suas atividades diárias. A força pode ser definida como a capacidade do músculo de gerar tensão, enquanto a potência é o re­sultado do produto da força x velocidade. Estas duas capacidades se manifestam na maioria das tarefas cotidianas dos idosos, e, conseqüentemente, são primordiais para a independência e quali­dade de vida dos idosos.
A redução da força na terceira idade pode ser dividida em: musculares - atrofia muscular, alteração da contractilidade muscular ou do nível enzimático; neurológicos - diminuição do número de unidades motoras, mudanças no sistema nervoso ou alterações endócrinas e ambientais: nível de atividade física, má nutrição ou presença de doenças.

Flexibilidade

A flexibilidade consiste na capacidade de amplitude nas articulações em realizar tarefas específicas, sendo que, a amplitude das articulações está relacionada a modificações morfológicas nos músculos, ossos, estruturas e funções do tecido conjuntivo. De acordo com uma das referências do presente estudo, a redução na amplitude dos movimentos, com o avançar da idade, pode estar relacionada às alterações mecânicas e bioquímicas na cartilagem, ligamentos e tendões das articulações (compostas de tecido conjuntivo não elástico). Além da idade, existem outros fatores influentes na flexibilidade, tais como o gênero e a realização de atividades físicas. Idosos com maior nível de atividades, melhor corresponde à amplitude de movimento, assim com o gênero feminino.

Equilíbrio

O equilíbrio consiste na capacidade de manter a postura estável, tanto parada como em movimento. Com o envelhecimento, ocorre a diminuição progressiva do equilíbrio, que está diretamente relacionada com a elevada incidência de quedas observada na população idosa.
Segundo os autores, a perda do equilíbrio é resultado de uma degradação funcional generalizada, sendo que os desequilíbrios são esporádicos e se manifestam quando os reflexos não conseguem atender às modificações do meio ambiente, por exemplo, uma superfície escorregadia. Nos períodos mais avançados dos processos de degradação dos sistemas neural, sensorial e músculo esquelético, os desequilíbrios ocorrem freqüentemente durante atividades cotidianas. Nesta fase, a realização de atividades diárias independentes torna-se difícil e a probabilidade de queda aumenta acentuadamente.

Resistência aeróbia

A resistência aeróbia consiste na capacidade dos sistemas cardiovascular e respiratório de suprir o trabalho muscular, conjuntamente, com o sistema metabólico, sendo a energia fornecida, predominantemente, pelas gorduras. E na terceira idade, ocorre redução de 0,5 a 3,5% por ano na potência aeróbia. De acordo com os autores, no envelhecimento a redução da potência aeróbia ocorre em função de dois aspectos principais: a diminuição da capacidade de ejeção do coração e a redução na quantidade de massa muscular.

Conclusão

A aptidão física na terceira idade pode ser melhorada através de programas específicos de força, potência muscular, flexibilidade e resistência aeróbia. Quanto ao equilíbrio, segundo os autores, que é outro fator de extrema importância para o envelhecimento sadio, quase não existe estudos provando sobre esta capacidade. Além disso, eles ressaltam que antes de fazer qualquer atividade de esforço com idosos, deve ser feita antes avaliações físicas rigorosas para evitar lesões e comprometimentos secundários.

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