quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A FLEXIBILIDADE E SEUS BENEFÍCIOS


Silviane Sebold – ESEF/UFRGS

A flexibilidade é uma das principais variáveis da aptidão física relacionada à saúde. De acordo com as últimas diretrizes do Colégio Americano de Medicina do Esporte, flexibilidade é a capacidade de movimentar uma articulação através de sua amplitude de movimento completa.

O grau de flexibilidade não é homogêneo em nosso corpo, podendo variar em cada articulação e para cada movimento. Embora negligenciada e subestimada, a flexibilidade é um importante componente para manter a independência funcional e o desempenho de atividades da vida diária.

A perda da flexibilidade muscular é revelada pela redução da capacidade de um músculo deformar-se, resultando numa diminuição da amplitude articular do movimento.

São dois fatores que limitam a flexibilidade;

Influências internas:
  • Tipo de articulação;
  • Resistência interna da articulação;
  • Estrutura óssea que limita o movimento;
  • Elasticidade do tecido muscular;
  • Elasticidade de tendões e ligamentos;
  • Elasticidade da pele;
  • Capacidade do músculo de contrair e relaxar de acordo com a intensidade do movimento;
  • Temperatura das articulações associadas aos tecidos.

Influências externas:

  • Temperatura ambiente;
  • Hora do dia;
  • Idade;
  • Gênero;
  • Roupa ou equipamento inadequado;
  • Nível de condicionamento;
  • Habilidade particular em alguns movimentos;
  • Recuperação da articulação ou músculo após uma lesão.

Influência dos diferentes tipos de tecidos na flexibilidade:

  • Cápsula articular 47%;
  • Músculos 41%;
  • Tendões 10%;
  • Pele 02%.

Benefícios da flexibilidade:

  • Nível fisiológico;
  • Regulação do tônus muscular;
  • Melhoria da coordenação inter e intramuscular;
  • Melhoria da regulação sanguínea;
  • Melhoria das funções respiratórias;
  • Intervenção na melhoria das funções vegetativas;
  • Beneficia a mulher durante a gravidez e parto;
  • Retarda a fadiga e permite uma recuperação rápida.

Nível mecânico;

  • Maior amplitude de movimentos;
  • Facilita a economia da execução no gesto técnico;
  • Diminui a tensão da coluna vertebral;
  • Atua na correção postural;
  • Equilibra a função sinérgica do movimento.

Nível sensório motor;

  • Melhoria das capacidades físicas, principalmente da velocidade e da força;
  • Melhoria das qualidades motoras de coordenação, equilíbrio, agilidade;
  • Favorece nas técnicas desportivas e desenvolvimento físico geral.

Depois de todos os benefícios citados, nada melhor que acordar de manhã e fazer bons alongamentos para começar um longo dia de trabalho.

Não esqueça de consultar um bom profissional da área para fazer uma avaliação física e postural, para indicar os exercícios específicos relacionados ao seu objetivo.

Referências Bibliográficas utilizadas:


- Achour A. Manual de Instruções - Fleximeter - Avaliando a Flexibilidade. Londrina, PR, Ed. MIDIOGRAF (1997).
- Achour A. Exercícios de Alongamento – Anatomia e Fisiologia. 2ª ed., Barueri, SP, Ed. MANOLE (2006).
- Achour A. Validação de Testes de Flexibilidade. Tese de dotourado Escola de - Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (2006).
- ACSM: American College of Sports Medicine. Diretrizes do ACSM para os Testes de Esforço e sua Prescrição. 7ª ed. Rio de Janeiro, RJ, Ed. GUANABARA KOOGAN (2007).
- Araújo DSMS, Araújo CGS. Aptidão física, saúde e qualidade de vida relacionada à saúde. Revista Brasileira de Medicina do Esporte (2000).
- Araújo CGS. Medida e avaliação da flexibilidade: da teoria à prática. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biofísica. Tese de doutoramento (1987).
- Brasileiro JS; Faria AF; Queiroz LL. Influência do resfriamento e do aquecimento local na flexibilidade dos músculos isquiotibiais Revista brasileira de fisioterapia. São Carlos (2007).
- Carregaro RL; Silva LCCB; Gil HJC. Comparação entre dois testes clínicos para avaliar a flexibilidade dos músculos posteriores da coxa. Revista brasileira de fisioterapia. São Carlos, SP (2007).
- Coelho CW; Araújo CGS. Relação entre aumento da flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de programa de exercício supervisionado. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano
- Cyrino ES; Oliveira AR; Leite JC; Porto DB; Dias RMR; Mattanó RS; Santos VA. Comportamento da flexibilidade após 10 semanas de treinamento com pesos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Niterói - RJ (2004).
- Filho JF. A Prática da Avaliação Física. 2ª ed. Rio de Janeiro, RJ. Ed. SHAPE (2003).
- Gama ZAS; Medeiros CAS; Dantas AVR; Souza TR. Influência da freqüência de alongamento utilizando facilitação neuromuscular proprioceptiva na flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Revista Brasileira de Medicina do Esporte (2007).
- Gil, CSA. Flexiteste: proposição de cinco índices de variabilidade da mobilidade articular. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Niterói (2002).
- Heiward VH. Avaliação e Prescrição de Exercícios. Técnicas Avançadas. 4ª ed., Porto Alegre, RS. Ed. ARTMED (2004).
- Kisner C., Colby LA. Exercícios Terapêuticos. Fundamentos e Técnicas. 4ª ed., Barueri, SP. Ed. MANOLE (2005).

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

BISFENOL – A (BPA). O inimigo está dentro da nossa casa?

Silviane Sebold - ESEF/UFRGS

O produto químico bisfenol - A (BPA), é um monômero de plástico policarbonato, cuja estrutura de dois anéis de fenol insaturados tem pouca homologia estrutural com o estradiol (E2), mas é semelhante ao dietilestilbestrol (DES), ao hexestriol e ao componente bisfenólico do tamoxifeno.
Segundo Goloubkova e Spritzer (2000), a atividade estrogênica do bisfenol - A foi descoberta ocasionalmente. Pesquisadores da Universidade de Stanford identificaram uma proteína ligadora de estrogênio em levedura e, posteriormente, estudaram a existência de um ligante endógeno acoplado a esta proteína. Depois do primeiro relato de que a levedura produzia E2, esses autores verificaram que a atividade estrogênica não era proveniente da levedura, mas sim do meio de cultura preparado com água autoclavada em frasco de policarbonato. A substância foi purificada e identificada como bisfenol - A. Aproximadamente 2-3mg/L foram detectados em água autoclavada. A seguir, foi demonstrado que o BFA satisfaz todos os critérios para substância estrogênica, com dose mínima efetiva de 10-20 nanogramas.

Por causa da estabilidade superior, flexibilidade e resistência, as resinas epoxi-BFA são utilizadas em vários produtos, como camadas de revestimento interno de latas de alimentos, complexos dentários para obturações e embalagens de remédios. A composição do bisfenol – A aparece na maioria das embalagens alimentares porque permite que o plástico seja resistente e translúcido, como o policarbonato plástico, usado em revestimentos internos das latas e das tampas de metal, garrafas de água, mamadeiras de bebês.
O bisfenol – A, desde um estudo de 1996, já foi produzido em quantidades de mais de 700 mil toneladas, havendo aumento anual de 5-6% na produção.

Existem sete classes de plásticos utilizados na fabricação de embalagens. O de tipo 7 junta todas as outras classes e alguns plásticos número 7, como o policarbonato (identificado com o número 7 ou as letras PC dentro do símbolo de reciclagem) são fabricados recorrendo ao bisfenol - A. Este plástico, ao ser exposto à líquidos quentes, liberta bisfenol – A, 55 vezes mais rápido que em condições normais. O tipo 3 (PVC) também pode conter o bisfenol - A como antioxidante e os plásticos do tipo 1 (PET), 2 (HDPE), 4 (LDPE), 5 (polipropileno) e 6 (polistireno) não utilizam o bisfenol - A durante o seu processo de fabricação.

São crescentes os estudos e pesquisas relacionadas aos riscos que a ingestão desta substância possivelmente pode trazer, relacionado ao contato direto dos alimentos e líquidos com embalagens contendo bisfenol – A. Estima-se que quantidades pequenas desta substância podem passar do plástico de policarbonato ou das capas de resina a alimentos e bebidas, tanto pelo contato, quanto pela decomposição ou deterioração do plástico.
Pesquisadores testaram garrafas de água retornáveis de policarbonato durante sete dias com a água em temperatura ambiente e, depois, com água fervente. Quando preenchidas em temperatura ambiente, o bisfenol - A foi lixiviado a uma taxa de 0,2 para 0,8 nanogramas por hora. Depois, ao serem expostas à água fervente, as garrafas com o produto químico passaram para uma taxa de 8 a 32 nanogramas por hora.

Nota-se que este produto químico tem trazido controvérsias entre os que pedem a sua proibição e os que depreciam os seus efeitos. O estudo Toxic Baby Bottles publicado em Fevereiro de 2007 pelo Environment California Research and Policy Center, revela que mesmo em pequenas quantidades o bisfenol - A pode provocar algumas doenças, incluindo, cancro de mama, aumento da próstata, diabetes, obesidade, hiperatividade e alterações do sistema imunológico. A infertilidade e a puberdade precoce também estão entre os efeitos causados, pois estão associados à capacidade do produto químico interagir com o sistema hormonal, já que se trata de um desestabilizador endócrino, isto é, um agonista dos receptores de estrógeno que pode afetar a fertilidade e a reprodução. Este estudo recolheu amostras de mamadeiras dos maiores fabricantes do mundo e as respectivas medições sobre a quantidade do produto químico libertado do plástico para o alimento. Foi comprovado que se os alimentos em contacto com o composto forem aquecidos, por exemplo, quando se aquece o leite nas mamadeiras em microondas, quantidades de bisfenol – A são liberados para os alimentos.
Para Goloubkova e Spritzer (2000), essas substâncias químicas podem agir através de diferentes mecanismos, dependendo do período de exposição, podendo modificar a estrutura do DNA e expressão gênica, alterarem a síntese/secreção, transporte/eliminação dos hormônios ou, ainda, interferir com as etapas de ligação ao receptor ou com eventos em nível pós-receptor.

Apesar de não existir consenso ainda para a proibição do bisfenol - A, há algum tempo atrás saiu mais um estudo, desta vez do programa nacional de toxicologia dos Estados Unidos (National Toxicology Program) alertando para os possíveis efeitos negativos que o bisfenol - A pode causar à saúde humana. O estudo inclui a análise de 500 ratos que foram alimentados com doses baixas de bisfenol - A. O produto químico provocou alterações de comportamento, puberdade precoce, cancro da próstata e mama e problemas do aparelho urinário.

Já, um relatório publicado pela Administração de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA), afirma que o bisfenol - A é seguro, mesmo quando entra em contato com os alimentos. Porém, de acordo com o Centro de controle e prevenção de doenças (USDA) do mesmo país, 93% dos americanos têm traços de bisfenol - A na urina, ou seja, a substância é ingerida, pois passa da embalagem para o alimento.

Apesar de não serem definitivas as conclusões, os pesquisadores alertam que não pode se garantir que nada possa acontecer aos seres humanos. Se pensarmos nos bebês, que estão em constante desenvolvimento e contato diário com mamadeiras contendo substâncias tóxicas, com certeza o risco de desenvolver diversas doenças ao longo de seu desenvolvimento é bem maior. Já existem crescentes indícios de que a exposição pré-natal ao bisfenol - A pode provocar alterações permanentes no cérebro das crianças, levando a mudanças comportamentais em fases posteriores da vida.
Porém, em outubro deste ano, um estudo italiano (Effects of developmental exposure to bisphenol A on brain and behavior in mice), publicado na Environmental Research (Volume 108, edição 2, outubro de 2008, pág. 150-157), mostraram que a exposição materna ao BPA, reduziu ou eliminou diferença de gênero em determinadas respostas comportamentais.

Como as respostas para estes questionamentos ainda são muito amplos, enquanto não temos soluções concretas, países como o Canadá estuda banir o uso do composto em mamadeiras para bebês e algumas indústrias do país já iniciaram o processo de substituição do bisfenol - A por outros produtos menos tóxicos. Nos EUA e Europa também já é crescente a rejeição dos consumidores a produtos com bisfenol - A. Nos EUA já são muito comuns os produtos, principalmente mamadeiras, rotulados como “BPA Free” e muitos consumidores norte-americanos já boicotam a compra de recipientes plásticos com a marca impressa de reciclagem número ‘7′.

No Brasil, o tema continua sendo ignorado. Nada se fala por parte dos órgãos governamentais, indústrias ou dos órgãos de defesa do consumidor e continua completamente ignorado pela mídia. Podemos começar evitando produtos que são identificados pelo número 7 no interior do símbolo de reciclagem, dando preferência a produtos de vidro, porcelana ou aço inox.

Referências:

Ana Beatriz Baptistella Leme da Fonseca - Nutricionista
Andreia Torres – Nutricionista
Goloubkova T e Spritzer PM; Xenoestrogênios: o Exemplo do Bisfenol - A. Arq Bras Endocrinol Metab (2000); 44/4: 323-330
Henrique Cortez - Site EcoDebate
Saúde em Revista

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Epistemologia Genética

Silviane Sebold – ESEF/UFRGS

Síntese dos artigos:

Piaget em Piaget - Tradução de Ester Pillar Grossi
Síntese GEEMPA – Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação.

Evolução Intelectual da Adolescência à Vida Adulta - Tradução de Tânia Beatriz Iwaszko Marques e Fernando Becker.


Epistemologia

Epistemologia genética é o estudo do desenvolvimento do conhecimento humano, criado por Jean Piaget, e influenciou o mundo da psicologia e a educação infantil.

O desenvolvimento do conhecimento e seus períodos

Jean Piaget sustenta que o conhecimento parte da ação do sujeito exercida sobre os objetos e há conseqüentemente, uma interação. O conhecimento não é pré-formado, nem nos objetos e nem no sujeito, mas há sempre auto-organização e uma continua construção e reconstrução, que pode ser denominada de criatividade.

Piaget usa como exemplo o estudo do próprio desenho da criança, pois o desenho é por definição a cópia de um modelo. A criança pequena não desenha o que vê, ela desenha a idéia que faz e o que interpreta sobre o que vê. Segundo Piaget, o conhecimento não é unicamente moldado sobre os observáveis. Ele não consiste num observável puro, mas sempre uma interpretação por assimilação a estruturas prévias.
A partir destas interpretações, vai se formando construções sucessivas e seqüenciais, que marcam uma série de platôs hierárquicos, denominados níveis.
O primeiro se manifesta antes do aparecimento da linguagem – é o nível da inteligência sensorio-motriz (ou sensório-motor).
Em seguida, é o nível das primeiras representações com a ajuda da linguagem, mas sem ainda atingir as operações, sendo o período pré-operatório (1-2 a 6-7 anos de idade), no qual as crianças utilizam a seriação, antes que atinja as operações.
Logo depois desta fase, veremos o período das operações concretas (7-8 aos 11-12 anos de idade), porque ele se realiza com objetos manipulados ou manipuláveis pela criança.
E finalmente, há um nível superior (11-12 aos 14-15 anos de idade), em que a criança pode raciocinar sobre hipóteses quanto sobre objetos e que nós chamamos nível das operações formais.

Com a aquisição da linguagem e a formação do jogo simbólico, imagens mentais, etc, as ações são interioriza­das e tornam-se representações. Isso supõe a reconstrução e a reorganização, em um novo plano, do pensamento representativo. Porém, a lógica desse período permanece incompleta até que a criança tenha 7-8 anos de idade. As ações internas são ainda “pré-operatórias” se tomamos “operações” para significar ações que são inteiramente reversíveis. Para uma criança pré-operatória, se a forma de um objeto muda a quantidade de matéria e de peso de um objeto também mudam.

Entre os 7-8 e os 11-12 anos, é constituída a lógica das ações reversíveis, caracterizada pela formação de certo número de estruturas estáveis e coerentes, como um sistema de classificação, um sistema de ordem, a construção dos números naturais, o conceito de medida de linhas e superfícies, relações projetivas (perspectivas), certos tipos gerais de causalidade (transmissão do movimento através de intermediários), etc. Inicialmente, estas operações são ‘concretas’, a criança, ainda raciocina em termos de objetos (classes, relações, números, etc.) e não em termos de hipóteses (se são verdadeiras ou falsas). Essas operações que envolvem relações de seriação e classificação entre os objetos enumerados, ocorrem, sempre, pela relação de um elemento com o elemento vizinho. Enquanto realiza uma classificação, a criança capaz de raciocínio concreto relaciona um termo com o termo que mais se assemelha e não há nenhuma classe “natural” que relacione dois objetos muito diferentes. Além disso, as operações possuem dois tipos de reversibilidade que não estão ainda unidas (no sentido de que uma pode ser unida à outra). O primeiro tipo de reversibilidade dá-se pela inversão ou negação, e o resultado dessa operação é uma anulação, por exemplo, + A - A = 0 ou + n - n = 0. O segundo tipo de reversibilidade dá-se pela reciprocidade e caracteriza-se pelas operações de relações, por exemplo, se A = B, então B = A, ou se A está à esquerda de B, então B está à direita de A, etc.

Ao contrário, dos 11-12 aos 14-15 anos, uma lógica mais completa alcança um estado de equilíbrio uma vez que a criança atinja a adolescência, ao redor dos 14-15 anos. Neste período, surge a capacidade para raciocinar em termos de hipóteses expressas verbalmente e não mais, em termos de objetos concretos e sua manipulação. A criança atribui valores decisivos à forma lógica das deduções, o que não ocorria nos estágios anteriores. Primeiramente, o pensamento hipotético muda a natureza das argumentações, tornando-as construtivas e por meio do uso de hipóteses, adotar o ponto de vista do adversário (embora sem necessariamente acreditar nele) e retirar as conseqüências lógicas que ele implica. Dessa forma, podemos julgar o seu valor depois de ter verificado as conseqüências. Logo, o indivíduo, ao se torna capaz de construir hipóteses, ampliará seus interesses que vão além de suas experiências, estando até mesmo capacitado para compreender e construir teorias para participar na sociedade e ideologias dos adultos. No nível das operações formais, nota-se que o sistema combinatório de pensamento não é apenas efetivo nos campos experimentais, mas que também o sujeito torna-se capaz de proposições combinatórias: conseqüente­mente, a lógica proposicional surge para ser uma das conquistas essenciais do pensamento formal.

Por outro lado, foi notado que não se pode generalizar para todos os sujeitos a conclusão destes resultados, na qual foi baseada em uma população relativa­mente privilegiada. Elas parecem ser verdadeiras para certas populações, mas o principal problema é compreender porque há exceções ou se essas são reais ou aparentes.
Um primeiro problema é a velocidade do desenvolvimento, isto é, as diferenças podem ser observadas na rapidez da sucessão temporal dos estágios. Entretanto, se a ordem de sucessão mostrou-se constante - cada estágio é necessário para a construção do seguinte - a média de idade com que crianças passam cada estágio pode variar consideravelmente de um meio social para outro, ou de um país ou ainda de uma região para outra no interior de um país.
Em geral, a primeira possibilidade é considerar a diferença no ritmo do desenvolvimento sem qualquer modificação na ordem de sucessão dos estágios, que poderiam ser devidos à qualidade e freqüência da estimulação intelectual recebidas dos adultos ou através de atividades espontâneas no seu meio. No caso de estimulação e atividade pobres, o desenvolvimento do terceiro e quarto períodos serão mais lentos, inclusive retardando o pensamento formal, que ao invés de ser entre 11 e 15 anos, poderá ser entre 15 e 20 anos. Ou, em último caso, um certo tipo de pensamento poderá nunca se desenvolver, ou somente se tornar possível naqueles indivíduos que mudarem o seu ambiente enquanto aquele período ainda não desenvolveu-se.

Em fim, a formação das operações sempre requer um meio favorável para a “co-operação”, (por exemplo, o papel da discussão, crítica ou ajuda mútua, problemas levantados como resultado de trocas de informação, elevada curiosidade devida à influência do grupo social, etc). Todos os indivíduos normais são capazes de chegar ao nível das estruturas formais na condição de que o meio social e a experiência adquirida proporcionem ao sujeito alimento cognitivo e estimulação intelectual necessários para cada construção.

domingo, 16 de novembro de 2008

Condições de Saúde, Incidência de Quedas e Nível de Atividade Física dos Idosos


Silviane Sebold – ESEF/UFRGS

Síntese do artigo extraído da Revista Brasileira de Fisioterapia 2007. v. 11, n. 6, p. 437- 442
Autores: Mazo GZ, Liposcki DB, Ananda C, Prevê D


Devido ao aumento da longevidade, estudos relacionados à população idosa e os eventos incapacitantes têm sido enfatizados nos últimos anos. Segundo os autores, eventos nesta dimensão têm influenciado na diminuição da capacidade funcional e conseqüentemente nas atividades de vida diária (AVDs), principalmente quando ocorrem casos de quedas, trazendo consigo conseqüências bastante temidas pela população idosa e seus familiares, tais como tratamentos longos e de alto custo, extensos períodos de reabilitação, risco de dependência posterior e até mesmo a morte.
Ao envelhecer, o indivíduo passa por processos no qual há alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, reduzindo a capacidade de adaptação homeostática às situações de sobrecarga funcional, alterando progressivamente o organismo e tornando-o mais susceptível aos desgastes intrínsecos e extrínsecos. Perdas como a instabilidade postural, que ocorre devido às alterações do sistema sensorial e motor, podem levar a um maior fator de risco. Relacionado a essas informações, deve-se prestar atenção nos sintomas apresentados pelos idosos, adequar os espaços físicos e indicar prática regular de exercícios físicos.
De acordo com o estudo de Lehtolas et al. (2006), o maior número de quedas são com homens idosos e que moram em casa e de acordo com estudos de Mazo et al. (2004) e Paixão et al. (2006), os impacto psicológico das quedas é outro fator importante entre indivíduos mais velhos. Segundo Spirduso (2005), a incidência de quedas está diretamente ligada à fraqueza muscular, inflexibilidade, sinergia e mecanismos de programação degradados e dificuldades de controle motor. O autor afirma que para preveni-las, exercícios físicos específicos que trabalham a composição corporal, força muscular, a flexibilidade e o controle motor devem ser realizados freqüentemente.
Segundo os autores do presente estudo, a relação entre saúde e bem-estar é bidirecional. O estado de saúde não só influencia as percepções de bem-estar, como as sensações do bem-estar influenciam os comportamentos relacionados com a saúde das pessoas. Os indivíduos que têm sensações de satisfação pessoal apresentam maior probabilidade de tomar uma atitude para manter a sua saúde e prevenir doença. Segundo Oliveira (1985), vida independente, casa, ocupação, afeição e comunicação são os principais fatores para um idoso ter saúde, e a prática regular de exercícios físicos, minimiza os declínios da capacidade funcional, determinando uma melhor condição de saúde. Já, para os autores, um programa de exercícios físicos eficiente para os idosos deve ter como objetivo a melhora da capacidade física do indivíduo, contribuindo para o aumento da resistência cardiovascular, força, flexibilidade e equilíbrio.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Benefícios do Treinamento com Pesos para Aptidão Física de Idosos

Silviane Sebold – ESEF, UFRGS.

Síntese do artigo extraído da ACTA FISIATR 2006; 13(2): 90-95
Autores: Dias RMR, Gurjão ALD, Marucci MFN



Segundo os autores, a população de idosos cresce de uma forma bastante avassaladora. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2025, o Brasil poderá estar entre os países com maior número de pessoas idosas do mundo. Acredita-se que, até 2020, a população de idosos no país aumentará aproximadamente 175%, que corresponde, em números absolutos, a uma população de aproximadamente 28 milhões de pessoas.
Se, o número de idosos e a longevidade estão aumentando, significa que o sistema de vida da terceira idade pode estar tendo diversas mudanças, podendo até ser um indicativo de melhora na qualidade de vida. Por outro lado, o processo de envelhecimento além de estar atrelado à longevidade, também pode estar atrelado ao declínio nas capacidades funcionais e na independência do idoso.
Segundo Hughes et al, apud Dias et al (2006), parte deste declínio pode estar associada a redução das fibras musculares (sarcopenia). De acordo com este estudo, a redução da massa muscular fica em torno de 2% por década e o aumento da massa gorda fica em 7,5%. Para o American College, a sarcopenia é o principal responsável pela redução da capacidade funcional do idoso, pois ocasiona diminuições na força muscular, no equilíbrio, na flexibilidade e na resistência aeróbia, influenciando nas atividades diária dos idosos, tais como caminhar, subir escadas e carregar pequenos objetos.
Algumas intervenções têm demonstrado eficiência na melhoria da aptidão física e independência de idosos, e a prática do treinamento com pesos é uma delas. De acordo com o manual do American College, a prática sistemática de treinamento resistido com idosos, pode promover aumento da força, da massa muscular e da flexibilidade e para termos uma resposta positiva, os treinamentos realizados devem ser específicos e bem elaborados. Treinamentos de alta intensidade e intervalos de média/alta duração poderão trazer um ganho na força e massa muscular e um treinamento com grande volume e curtos períodos de descanso resultam em diminuição da gordura corporal.

A força muscular

A força muscular é um dos principais fatores responsáveis em manter o corpo humano em perfeita harmonia com suas atividades diárias. A força pode ser definida como a capacidade do músculo de gerar tensão, enquanto a potência é o re­sultado do produto da força x velocidade. Estas duas capacidades se manifestam na maioria das tarefas cotidianas dos idosos, e, conseqüentemente, são primordiais para a independência e quali­dade de vida dos idosos.
A redução da força na terceira idade pode ser dividida em: musculares - atrofia muscular, alteração da contractilidade muscular ou do nível enzimático; neurológicos - diminuição do número de unidades motoras, mudanças no sistema nervoso ou alterações endócrinas e ambientais: nível de atividade física, má nutrição ou presença de doenças.

Flexibilidade

A flexibilidade consiste na capacidade de amplitude nas articulações em realizar tarefas específicas, sendo que, a amplitude das articulações está relacionada a modificações morfológicas nos músculos, ossos, estruturas e funções do tecido conjuntivo. De acordo com uma das referências do presente estudo, a redução na amplitude dos movimentos, com o avançar da idade, pode estar relacionada às alterações mecânicas e bioquímicas na cartilagem, ligamentos e tendões das articulações (compostas de tecido conjuntivo não elástico). Além da idade, existem outros fatores influentes na flexibilidade, tais como o gênero e a realização de atividades físicas. Idosos com maior nível de atividades, melhor corresponde à amplitude de movimento, assim com o gênero feminino.

Equilíbrio

O equilíbrio consiste na capacidade de manter a postura estável, tanto parada como em movimento. Com o envelhecimento, ocorre a diminuição progressiva do equilíbrio, que está diretamente relacionada com a elevada incidência de quedas observada na população idosa.
Segundo os autores, a perda do equilíbrio é resultado de uma degradação funcional generalizada, sendo que os desequilíbrios são esporádicos e se manifestam quando os reflexos não conseguem atender às modificações do meio ambiente, por exemplo, uma superfície escorregadia. Nos períodos mais avançados dos processos de degradação dos sistemas neural, sensorial e músculo esquelético, os desequilíbrios ocorrem freqüentemente durante atividades cotidianas. Nesta fase, a realização de atividades diárias independentes torna-se difícil e a probabilidade de queda aumenta acentuadamente.

Resistência aeróbia

A resistência aeróbia consiste na capacidade dos sistemas cardiovascular e respiratório de suprir o trabalho muscular, conjuntamente, com o sistema metabólico, sendo a energia fornecida, predominantemente, pelas gorduras. E na terceira idade, ocorre redução de 0,5 a 3,5% por ano na potência aeróbia. De acordo com os autores, no envelhecimento a redução da potência aeróbia ocorre em função de dois aspectos principais: a diminuição da capacidade de ejeção do coração e a redução na quantidade de massa muscular.

Conclusão

A aptidão física na terceira idade pode ser melhorada através de programas específicos de força, potência muscular, flexibilidade e resistência aeróbia. Quanto ao equilíbrio, segundo os autores, que é outro fator de extrema importância para o envelhecimento sadio, quase não existe estudos provando sobre esta capacidade. Além disso, eles ressaltam que antes de fazer qualquer atividade de esforço com idosos, deve ser feita antes avaliações físicas rigorosas para evitar lesões e comprometimentos secundários.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

TCC

Hoje é 04 de novembro, de 2008. Ainda não postei nada no blog por motivos de falta de tempo.

Estou fazendo meu TCC e quase enlouquecendo...rsrssssss

Assim que der um tempinho, publico as novidades!!!