domingo, 5 de abril de 2009

Treinamento da Resistência

A resistência está relacionada ao tempo em que o indivíduo suporta desempenhar uma atividade com determinada intensidade, ou seja, o indivíduo não se fadiga com facilidade ou pode até trabalhar em estado de fadiga.

A resistência depende de diversos fatores, tais como a velocidade, força muscular, habilidades técnicas para executar os movimentos com eficiência, a capacidade de utilizar economicamente os potenciais fisiológicos e o estado psicológico ao se executar uma atividade.

De acordo com as necessidades do treinamento, podemos dividir a resistência em dois tipos:

- Geral: é a capacidade de desenvolver uma atividade por um tempo prolongado, envolvendo muitos grupos musculares e sistemas (SNC, neuromuscular e cardiorrespiratório). ↑duração, ↓intensidade.

- Específica: depende das particularidades de cada desporto, com seus movimentos específicos e muitas repetições. ↓duração, ↑intensidade.

Para desportos cíclicos, a classificação a seguir é sugerida com freqüência.

- Resistência de longa duração: é requerida por desportos que duram por mais de 8 minutos. A energia é suprida quase que exclusivamente pelo sistema aeróbio, o que envolve o sistema cardiovascular e respiratório. O suprimento de oxigênio é determinante para um bom desempenho, pois a capacidade vital e o volume minuto do coração são fatores limitantes para altos desempenhos atléticos.

- Resistência de média duração: eventos com duração entre 2 a 6 minutos. A intensidade é maior que a resistência de longa duração. A demanda de oxigênio não é suficiente para suprir as necessidades do corpo, desenvolvendo um débito de oxigênio. A energia produzida pelo sistema anaeróbio é proporcional a magnitude da velocidade.

- Resistência de curta duração: refere-se a desportos realizados entre 45 segundos e 2 minutos. Para estes tipos de desportos, os processos anaeróbios participam intensamente no suprimento de energia para desempenhar as atividades. A força e a velocidade são fatores determinantes na produção de grandes resultados. O débito de oxigênio é alto.

- Resistência de velocidade: é a resistência dos atletas à fadiga sob altas intensidades. A maior parte da atividade é executada em apnéia, exigindo do atleta alta velocidade e máxima força.

Fatores que afetam a resistência:

- SNC: adapta-se a especificidade da demanda de treinamento, aumentando sua capacidade de trabalho, melhorando suas conexões nervosas para um funcionamento bem coordenado dos sistemas e órgãos. (Um trabalho uniforme com média intensidade melhora e fortalece a coordenação neuromuscular específica para as atividades de resistência, assim como um trabalho de longa duração, executada sob níveis crescente de fadiga, melhora a resistência da célula nervosa à atividade estressante.).

- Força de vontade: vencer a fadiga, tolerar a dor.

- Capacidade aeróbia: capacidade do corpo de transportar oxigênio e produzir energia. O sistema respiratório deve ser bem desenvolvido para execução da respiração correta e conseqüente taxa de recuperação alta. (O treinamento intervalado fortalece o coração e o treinamento de altitude ou longa duração aumenta a capacidade de usar oxigênio).

- Capacidade anaeróbia: a energia é produzida pelo sistema anaeróbio na ausência de oxigênio. A CAn é proporcional a intensidade do trabalho. (O treinamento específico no próprio desporto aumenta a CAn, mas deve ser intercalado com aeróbio.

- Reserva de velocidade: é a diferença entre o tempo mais rápido percorrido em uma distância mais curta do que a distância da corrida (ex: 100 m) e a mesma distância curta durante uma corrida mais longa (isto é, 800 m). Este teste para ter validade deve ser realizado ao mesmo tempo. Uma boa RV e o treinamento sistemático de resistência específica levarão ao alto desempenho na atividade escolhida.

Desenvolvendo a resistência

Para melhorar a resistência, os atletas devem aprender a superar a fadiga, o que deve ser feito através da adaptação à demanda do treinamento.

Atletas devem desenvolver dois tipos de resistência, aeróbia e anaeróbia, de acordo com as especificidades do desporto ou evento. Para desenvolver esses dois tipos de resistência, dependerá do tipo de intensidade empregada e dos métodos utilizados no treinamento. A intensidade está ligada diretamente ao suprimento de energia e de acordo com Zatsyorski (1980), são três tipos de intensidades:

- Subcrítica: a velocidade é reduzida, o gasto de energia é baixo e a demanda de oxigênio é abaixo da potência aeróbia do atleta. O atleta executa a atividade em uma situação estável.

- Crítica: a velocidade aumenta e a demanda de oxigênio alcança a capacidade de suprimento. O atleta trabalha na zona anaeróbia limite, sendo então, a velocidade diretamente proporcional ao seu potecial respiratório.

- Supracrítica: as atividades são mais rápidas que a velocidade crítica. O atleta trabalha sob demanda de oxigênio, o que aumenta mais rápido que a velocidade do desempenho.

Parâmetros de treinamento

Resistência aeróbia:

- ↓ intensidade, ↑ duração.
- ↓ 70% da velocidade máxima.
- Entre 65% e 75% da FC máxima.
- Descanso de 45” à 90” para resistência anaeróbia e 3’ a 4’ para aeróbia, ou quando a FC estiver abaixo de 120 bpm (Hollmann, 1959).
- Atividade de ↓ intensidade durante o intervalo.
- A FC pode ser uma boa indicação para fadiga. ↑ de 180 bpm o coração tem menos potência de contração e resulta em diminuição de oxigênio para os músculos.

Resistência Anaeróbia:

- Cíclica e em ↑ intensidade (máximos à sub-máximos / 90% a 95%).
- Duração pode ser de 5” a 120”, dependendo do trabalho.
- Intervalo longo o suficiente para suprir o débito de oxigênio, de 2’ a 10’, de modo que o ácido lático acumulado tenha tempo para oxidar.
- Atividade durante o descanso, leve e relaxante, mas não deve deitar.
- Número de repetições deve ser de baixo a médio. (ex: 4 séries de 4 repetições, com intervalo entre as repetições de 120” e entre as séries, de 10’).

Fonte: Periodização. Teoria e Metodologia do Treinamento
Autor: Tudor O. Bompa

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